Outras impressões...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010 7 comentários
Bom galera, estou tentando com outras pessoas que também moraram na Austrália, obter depoimentos sobre a vida deles lá na terra dos cangurus, para que não fique só as minhas impressões. Hoje, o depoimento que vou postar, é de uma pessoa que me conheceu pelo BLOG quando ela ainda estava no Brasil, procurando por dicas da Austrália, e depois acabamos nos conhecendo lá.

"Quando decidi fazer um intercâmbio acreditava que estava fazendo aquilo apenas para melhorar meu inglês. O primeiro sentimento foi o de medo, o medo de deixar as coisas pra trás, amigos, família, namorado e claro o emprego. Mesmo alguns experts dizendo para eu não me preocupar porque quando eu voltasse tudo estaria exatamente no mesmo lugar,o medo me acompanhou até meus primeiros passos. Pensamos, planejamos, economizamos e lá estávamos nós, digo nós porque eramos duas, no momento a colega do inglês,hoje grande amiga e peça fundamental nessa etapa Ozzy. Nos deliciamos a cada nova informação que vinha a nossa frente. Ter uma companhia foi algo muito inteligente a ser feito,a dor,angústia,ansiedade e saudade foram divididas por dois e a felicidade foi multiplicada. Ao chegarmos nossa ideia era aquela primeira citada, o inglês, a primeira semana mexemos os pauzinhos pois queríamos morar juntas e acho que este foi o ponto em que eu comecei a perceber que aquilo ali que eu planejei,tomei coragem e fiz ia muito além da tão temida segunda língua que me obrigavam a ter no currículo.

Morar fora não foi apenas conhecer um país novo e diferentes culturas, foi aprender a respeitar as diferenças, esquecer do preconceito, a lidar com o meu EU, a lidar com os outros, essa talvez a parte mais difícil e trabalhosa, a convivência criou os momentos mais difíceis vividos lá mas também os mais gratificantes, superar o dia-a-dia do “próximo”me trouxe alguns presentes nos quais eu admiro de ter conquistado e cativado, os amigos. Eu na minha ignorância, disse uma vez ao meu dignissimo como uma pessoa que fez parte da sua vida por tão pouco tempo pode ter tanto significado e hoje a resposta é tão óbvia. A intensidade vivida é indescritível o que torna cada sentimento solitariamente único. Um dia após o outro e é tudo. Trago de lá pessoas inesquecíveis e claro que continuo agradecendo a cada um que que fez parte da minha vida, me ajudou a crescer pra chegar lá, nada disso teria acontecido se eu não fosse tão abençoada pelos meus grandes amores.

Lá eu desvendei o meu EU,eu cresci,continuo a mesma muleca/menina/mulher, mas estou um passo a cima do que algum dia imaginei ser, mas como nem tudo são flores, todo este sentimento é pressionado dentro de um único sentimento que não se traduz que é a saudade, a saudade me acompanhou a cada momento lá, dia e noite, mas pra minha surpresa a saudade me acompanha muito mais hoje. Na ida tinha a certeza que tudo e todos estariam aqui na minha volta,o que me trazia segurança e conforto pra viver tranquilamente cada dia, mas na minha volta o tudo se foi, ficou lá, sem um ticket de volta.A saudade me deixa a dúvida do amanhã, me deixa a dúvida se valeu a pena, me deixa a dúvida do caminho certo. As lembranças vem sempre com sorrisos e até algumas gargalhadas, mas a tristeza me consome quando eu lembro que algumas pessoas não sairão de meras lembranças e aquele cenário já não me pertence mais.

Eu sei que tudo é uma questão de adaptação, eu nunca deixei de amar e me orgulhar do Brasil, hoje mais que nunca sei a importância dos meus pais na minha vida e que eles são insubstituíveis. Amo apaixonadamente meus amigos, namorado, família. E claro, amo a Austrália que me abriu os olhos para um mundo que eu não conhecia, que fez eu conhecer o meu EU e ama-lo. Eu sempre fui movida pelo amor e quanto a isso nada mudou,mas quando se tem amor e o cenário é encantador parece que a perfeição sempre tão impossível de ser alcançada fica mais próxima da nossa realidade e essa sensação é simplesmente impagável."

Raquel Ribeiro, SP